Dulci é carioca, e atualmente mora no interior de São Paulo. Cientista social de formação, ex-estilista e desassossego em pessoa. Gosta de conversar com estranhos e, todos os dias, encontra poesia nos lugares mais improváveis. Amante dos livros, não esconde de ninguém que seu primeiro amor literário foi José Saramago. Atualmente encontra-se em um relacionamento sério com a poesia portuguesa. Escreve diariamente em seu perfil @lardulcilar no Instagram.
De onde nascem as suas palavras?
De um certo espanto com o cotidiano, de uma percepção de que existe algo invisível e poético permeando o dia-a-dia, mas que a vida prática, muitas vezes, não nos deixa enxergar.
Qual seu livro preferido?
Hoje eu escolheria A Trégua, de Mario Benedetti. Esse livro traz uma percepção aguçada da passagem do tempo na vida de um homem comum, e uma estória de amor que me desperta uma enorme ternura.
Que escritores você admira ?
Em primeiríssimo lugar está José Saramago. Sempre ressalto essa admiração profunda por este escritor pois foi através do seu livro Todos os Nomes, que me iniciei como leitora. Eu já era adulta, estava na faculdade e, simplesmente, não me lembro de ter lido nada de interessante, nem que tenha me marcado, antes deste livro. Saramago me desafiou com a sua escrita autêntica, inteligente e cativante. No início não foi fácil. Eu senti como se ele tivesse aberto uma janela, através da qual eu podia enxergar o mundo de uma forma inteiramente nova.
Além dele, admiro Mario Benedetti, Gabriel Garcia Marques, Hector Abad, Valter Hugo Mãe, Clarice Lispector, Ruy Castro e suas sensacionais biografias.
E, atualmente, venho me dedicando a conhecer mais sobre poesia e poemas, sobretudo de autores portugueses. É uma lista enorme, estou descobrindo um poético mundo novo. Fernando Pessoa, Herberto Helder, Rui Pires Cabral, José Tolentino Mendonça, Amália Bautista, Maria Teresa Horta, Sophia de Mello Breyer Andressen e muitos outros. Leio autores publicados e também aqueles que escrevem somente em plataformas digitais. Não faço distinção. Todos os dias me dedico a conhecer um pouco mais destes trabalhos que apresentam uma sensibilidade ímpar.
Como você se sentiu com o convite de virar colaboradora do Nossas Palavras?
Me sinto como se estivesse na estréia de uma nova vida. Apesar de ter ficado muitos anos sem escrever, a escrita é a forma mais íntima de expressar o que sinto, como vejo o cotidiano e entendo isto que chamamos Vida. Retomar a escrita foi um desafio enorme e, logo em seguida, ser convidada para escrever ao lado de mulheres inteligentes, como as criadoras do Nossas Palavras, é uma forma de reconhecimento, e também um incentivo para seguir neste caminho das palavras.
Além disso, interagir e compartilhar é algo potente e necessário na atualidade. Ainda mais quando se trata de um coletivo feminino. É urgente dar voz às mulheres, cada vez mais e nas mais variadas formas de expressão. O convite foi uma alegria e uma honra, por poder estar ao lado de mulheres que eu admiro profissionalmente e me identifico pessoalmente.
Segue ela no Instagram @lardulcilar